Não sei por que razão a vida não havia me dado um amigo gay. Nem na faculdade, trabalho ou família tive um amigo gay por perto para chamar de meu. Portanto, para mim, as histórias de mulheres e as aventuras com seus amigos gays pertenciam ao mundo das revistas ou da ficção. E foi com muita expectativa que fiquei aguardando o colega de trabalho da minha amiga chegar ao casamento onde estávamos. “Gayzásso” segundo suas próprias palavras. Depois de ter perdido o casamento e já no mínimo uma hora atrasado para a festa chega o Aldo, o tal colega gay. Que figura! Mesmo vestido em um estilo tipicamente masculino. Ele devia ter seus trinta e tantos anos e era professor de faculdade. Nossa mesa era composta pelas alunas dos dois e por mim, a penetra convidada.
A idade média dos convidados era bem acima da nossa e para completar a turma não conhecia ninguém além dos noivos. Com isto começamos a analisar os garçons da festa. Logo descobrimos um muito bonito que apelidei de garçom 300, pois me lembrava muito o estilo do personagem do Rodrigo Santoro no filme. Pois, adivinhem! Foi o eleito do Aldo também. Sim, ter amigos gays aumenta a concorrência. Por outro lado, você não corre o risco de cair em cilada, já que facilmente fica definida a preferência do avaliado. Não pude descobrir qual era a do garçom, já que eu não pretendia passar a festa servindo champanhe ao lado dele, nem mesmo o Aldo.
Nos restava comer, beber e cair na pista. E sabe àquela hora em que a gente se cansa de dançar em uma roda só de mulheres? Então!!! Foi divino ter alguém disponível e interessado em dançar comigo. Já que dançar a dois com uma amiga, como fazem as titias, as vovós e as criancinhas, estava fora de cogitação, independente do nível alcoólico. Pois sim, passinhos, piruetas e todo tipo de perfomance divertida, é permitida com um amigo gay.
A máxima da noite foi quando eu depois de dançar e cantar bem alto o que deveria ser a vigésima música do Creedance disse a ele que detestava Beatles e Creedance. E ele respondeu na maior alegria: “Eu também!” e já levantando a mão esperando uma batidinha de palmas de amigas que se entendem. E seguimos dançando alucinadamente todas as músicas mesmo assim. Afinal, era o que tinha para a noite.
E nunca, nunquinha, ninguém havia me levado bombons ou flores na pista. Bônus track que vem com um amigo gay super gentil e educado. Claro, penso que nem todos são iguais. Como qualquer hétero da face da terra, com certeza, devem existir os pouco generosos. Sorte a minha de principiante. Provavelmente eu era para ele o mais próximo de uma amiga bicha louca, pois, nos divertimos horrores na pista por toda a noite. Dançamos a música Pa Panamericano a uns 20 centímetros do chão, aproximadamente.
Quando vi minha amiga há muito sentada e eu ainda com a corda toda, confirmei que amigas nem sempre têm o mesmo fôlego que a gente. Mas amigos gays têm sempre! E pensando bem, que sorte a delas não? Ir para a balada com os professores? Eu não tive este privilégio na época da faculdade, não!
Enfim, não sei se terei a oportunidade de conviver e ficar amiga, de fato, do Aldo, mas adorei a minha primeira balada com um amigo gay.
Amigo gay, eu recomendo!