28.3.11

O 1º amigo gay a gente nunca esquece



Não sei por que razão a vida não havia me dado um amigo gay. Nem na faculdade, trabalho ou família tive um amigo gay por perto para chamar de meu. Portanto, para mim, as histórias de mulheres e as aventuras com seus amigos gays pertenciam ao mundo das revistas ou da ficção. E foi com muita expectativa que fiquei aguardando o colega de trabalho da minha amiga chegar ao casamento onde estávamos. “Gayzásso” segundo suas próprias palavras. Depois de ter perdido o casamento e já no mínimo uma hora atrasado para a festa chega o Aldo, o tal colega gay. Que figura! Mesmo vestido em um estilo tipicamente masculino.  Ele devia ter seus trinta e tantos anos e era professor de faculdade. Nossa mesa era composta pelas alunas dos dois e por mim, a penetra convidada.
A idade média dos convidados era bem acima da nossa e para completar a turma não conhecia ninguém além dos noivos. Com isto começamos a analisar os garçons da festa. Logo descobrimos um muito bonito que apelidei de garçom 300, pois me lembrava muito o estilo do personagem do Rodrigo Santoro no filme. Pois, adivinhem!  Foi o eleito do Aldo também. Sim, ter amigos gays aumenta a concorrência. Por outro lado, você não corre o risco de cair em cilada, já que facilmente fica definida a preferência do avaliado. Não pude descobrir qual era a do garçom, já que eu não pretendia passar a festa servindo champanhe ao lado dele, nem mesmo o Aldo.
Nos restava comer, beber e cair na pista. E sabe àquela hora em que a gente se cansa de dançar em uma roda só de mulheres? Então!!! Foi divino ter alguém disponível e interessado em dançar comigo. Já que dançar a dois com uma amiga, como fazem as titias, as vovós e as criancinhas, estava fora de cogitação, independente do nível alcoólico. Pois sim, passinhos, piruetas e todo tipo de perfomance divertida, é permitida com um amigo gay.
A máxima da noite foi quando eu depois de dançar e cantar bem alto o que deveria ser a vigésima música do Creedance disse a ele que detestava Beatles e Creedance. E ele respondeu na maior alegria: “Eu também!” e já levantando a mão esperando uma batidinha de palmas de amigas que se entendem.  E seguimos dançando alucinadamente todas as músicas mesmo assim. Afinal, era o que tinha para a noite.
E nunca, nunquinha, ninguém havia me levado bombons ou flores na pista. Bônus track que vem com um amigo gay super gentil e educado. Claro, penso que nem todos são iguais. Como qualquer hétero da face da terra, com certeza, devem existir os pouco generosos. Sorte a minha de principiante. Provavelmente eu era para ele o mais próximo de uma amiga bicha louca, pois, nos divertimos horrores na pista por toda a noite. Dançamos a música Pa Panamericano a uns 20 centímetros do chão, aproximadamente.
Quando vi minha amiga há muito sentada e eu ainda com a corda toda, confirmei que amigas nem sempre têm o mesmo fôlego que a gente. Mas amigos gays têm sempre! E pensando bem, que sorte a delas não? Ir para a balada com os professores? Eu não tive este privilégio na época da faculdade, não!
Enfim, não sei se terei a oportunidade de conviver e ficar amiga, de fato, do Aldo, mas adorei a minha primeira balada com um amigo gay.
Amigo gay, eu recomendo!


24.3.11

Claudia e o Relógio de Sol


Caros leitores deste blog,
Devo admitir que vivo propiciando ótimos piadas aos meus amigos e familiares com as inúmeras “pérolas” que distribuo por onde passo. Resolvi, então, acatar as sugestões e publicá-las por aqui.Vou contando à medida que eu for me lembrando e, seguramente, à medida que novas forem sendo produzidas.

O Relógio do Sol
Minha caçula chega da aula e vai logo atrás de mim:

- Mãe, você tem que me levar para ver o relógio de sol lá da Rua Tomé de Souza. Tenho um trabalho da escola e preciso conhecê-lo.
- Claro Belinha, amanhã à noite a gente vai – Respondo inocentemente.
- Mãe!!! – Exclama junto a minha filha mais velha – Como assim? De noite o relógio de sol não funciona!!!
- Uai, não? Mas se ele não funciona à noite, não fica atrasado no outro dia? Como é que faz então?
- Mãe!!! Como assim??? É um relógio de sol! Entendeu? De s-o-l!!! – E as duas caíram na risada.
Por uns bons dias fui a piada preferida em todo o colégio. E sempre tinha alguém que pedia para contar de novo para aquele que ainda não sabia.

23.3.11

Uma Louca Paixão

Morreu hoje aos 79 anos a Diva dos cinemas Elizabeth Taylor. Viveu intensamente, brilhou como ninguém.   Seu tórrido, louco e escandaloso amor foi com o ator Richard Burton com quem esteve casada em 20 anos por duas vezes. Para sempre Liz Taylor.


Ter você (Ana Clara Benfatti)

Ter você
Por horas
Minutos
Qualquer tempo
Meu infinito.
Sentir seu corpo
Seu perfume
Desejar seu cheiro.
Em seus cabelos
Passar as mãos.
Beijar sua boca
Roçar sua nuca
Calar sua voz
Matar a vontade.
Desejo que explode
Uma pequena faísca
Toneladas de pólvora.
Loucura
Desejo incontrolável
Que arrebata
Assusta.
Depois não sei.
Respiro você.
Mas você não vem.

*************


Frases escritas por Richard Burton em cartas a Liz Taylor divulgadas por ela em 2010.

 "Se você me deixar, eu me mato. Não há vida sem você"


"Você é provavelmente a melhor atriz do mundo, o que, somado a sua beleza extraordinária, faz você ser única".


"O fato fundamental e mais terrível, fatal e impossível de mudar é que nós não nos compreendemos de maneira alguma. Operamos em comprimentos de onda diferentes. Você está à distância de Vênus - o planeta, quero dizer - e eu não tenho ouvido para captar a música dos astros"

22.3.11

Eu quero mais é dançar!

Conferindo meus arquivos encontrei este texto que teria sido mais adequado publicá-lo logo no primeiro dia do blog. Em todo caso acho que ainda está em tempo.
Começa assim:

Certa vez passei umas boas horas me esforçando para ficar mais triste, digamos assim... em depressão. Depois de uma boa noite de sono vi que estava fora de cogitação seguir por este caminho. E simplesmente  por uma questão de sobrevivência,  ficar depressiva não era uma boa escolha. Não tive dúvidas disto quando me dei conta de que não teria ninguém para me tirar dela. Cara, absolutamente ninguém iria me resgatar de lá. Porque digo isto. Simples. No imaginário de meus familiares, amigos e conhecidos, eu construí, desde que entendo por gente, uma imagem de pessoa forte, capaz de suportar todos os percalços emocionais que a vida me trouxesse. Desde pequena fui treinada para ser aquela que socorre a todos, nunca a socorrida. Compulsoriamente me vestiram a roupa de super heroína e lá fui eu, toda feliz, viver a vida.
Ao mesmo tempo, parei para pensar nas pessoas que ao mínimo sinal de tristeza todos ligam as sirenes e saem em disparada em seu socorro. É... sem dúvida, também não é um bom papel.  Sou do tipo que peca pelo excesso, dificilmente pela falta.
E sentada à beira da calçada como uma pobre moradora de rua, observei que meu chapéu estava e iria continuar vazio já que a minha volta tinha muita gente expert no papel de vítima. Tratei logo de me levantar, voltar para a encruzilhada e pegar a estrada dos que aprenderam a se virar sozinhos. Então fiz uma listinha de todos os males que me atacavam e que naquele momento podiam ser curados através das minhas próprias ações.
ü Cantar e dançar sozinha pela casa e ou na frente do espelho.
ü Marcar consulta com os médicos que me parecessem necessários.
ü Verificar se o próximo horário com a minha terapeuta estava dentro de um tempo razoável de espera.
ü Marcar um chopp com as amigas.
ü Começar logo a escrever para este blog.

**********************
Sugestões de músicas para dançar sozinha pela casa ou na frente do espelho.



20.3.11

A Super Lua em Belo Horizonte

A Praça do Papa na noite da Super Lua com a Serra do Curral de moldura.
E muitos me cobravam se eu havia tirado fotos da Super Lua no início da noite de sábado. Bem, não havia me atentado para a possibilidade na hora certa. Queria somente admirá-la. Mas chegou um momento, já por volta das 22 horas, que decidi por registrar o comportamento dos belo horizontinos nessa noite que foi realmente linda. Peguei minha Nikon, minha caçula, a Susy e parti.


Primeiro tentei registrar o fato da janela do quarto da minha filha, lado do apartamento onde as luas cheias acontecem: doce ilusão! Horário e equipamento inadequados. Fora o tombo... Sim, caí da cama de costas tentando achar um ângulo mais interessante. Rsrss
Depois, tomei uma decisão e resolvi vê-la da Praça do Papa, cartão postal dos mais tradicionais de Belo Horizonte. Em alguns momentos após a meia noite apareceram algumas nuvens, mas que com os ventos se dissiparam rapidamente.


Encontrei muitas turmas de jovens animadíssimas que adoraram a idéia de ficar "bem na foto". E observem, acompanhados de um rapaz que iluminava ainda mais a praça com as notas musicais que saiam do seu acordéon.
  

Fiquei de queixo caído e com uma certa "invejinha branca" desta dupla de casais que encontrei fazendo um pic nic sob a luz da super lua. Levaram todos os paramentos necessários como toalha, vinho, taças, etc.
Já os apaixonados da direita, nem me viram registrando seus momentos de cumplicidade...


Originalíssimo: Fazer um book à luz do lua tendo a cidade como plano de fundo. Não?


Agora apresento minhas companheiras: Isabela, no início, nada animada, tentando disfarçar o "bom humor" das crianças quando estão com sono. Já na praça, não se cansou de olhar para o céu, mas reclamando do vento frio a cada minuto. Susy, sem coleira, ficou bem insatisfeita por ter que ficar no colo o tempo todo.
Na volta, as duas foram vencidas pelo cansaço.
Super lua, nos vemos novamente em 18 anos!

Links:

18.3.11

Qual é a sua Neura?


Nasci em uma família com tendência a ter uma estatura mais elevada. Característica esta, sempre encarada de uma maneira natural e até com um certo orgulho.  Ninguém faz o tipo deselegante, encurvado, querendo se esconder. Fiquei, de certa maneira surpresa, em um período em que trabalhei no mercado da moda e descobri que mulheres altas não costumam gostar de sapatos de salto. Elas são as que mais gostam de sapatilhas e rasteirinhas.  O resultado, observamos nas liquidações. Sobram modelos de salto alto com numerações grandes e modelos sem salto nas numerações inferiores. Acho ótimo! Faço a festa! Sempre que saio para comprar um sapato baixo fico séculos escolhendo, escolhendo e não agrado de nenhum. Ao final, acabo levando, no mínimo, mais um de salto para a casa. E não é saltinho não, é saltão mesmo. Porque vamos combinar, salto é tudo! Ganhamos, por supuesto, alguns centímetros na estatura e na elegância.
A primeira vez que me dei conta de que nunca vi na minha altura um problema, foi quando assisti à hilariante peça “Os homens são de Marte... e é pra lá que eu vou” com Mônica Martelli. A divertidíssima personagem vê como um empecilho para conseguir um namorado, a sua altura, algo em torno de um metro e setenta e alguma coisa. Afinal, segundo ela, isso restringe as opções de escolha. Mulher baixa teoricamente pode ser escolhida ou escolher entre todos, já as altinhas têm suas opções mais escassas.  Em uma parte ela fala que não tem noiva linda e alta nas revistas. E por aí vai uma lista de complicações muito engraçadas.
Pensando no assunto, lembrei do meu médico me contando que uma amiga da sua esposa havia sido uma criança e uma jovem muito bonita e elogiada por todos. Quando mais velha, tinha se transformado em uma mulher que ele considerava muito, muito feia e peruérrima também. Mas talvez por todos os elogios que ouviu em sua juventude aquilo passava despercebido a ela. Vestia-se, portava-se e acima de tudo, sentia-se como a mais linda das mulheres. Vivia alheia a todos os possíveis críticos de sua maturidade decadente. Indiscutivelmente sua auto-estima foi nutrida fartamente na época certa.
E assim nossas características naturais podem virar um ponto contra ou a favor, dependendo de como o assunto é tratado no meio em que fomos criados. Conheço um pai que sempre chama a filha caçula de seis anos pelo “meigo” codinome “gorduchinha”. E não que ela seja gorda, simplesmente tem um tipo físico mais redondinho. Corre o sério risco de na fase adulta mesmo magrinha sempre se achar acima do peso. Mesmo que todos os homens a enquadrem no perfil “mulher muito gostosa”.
E você, de quais neuras anda precisando se livrar?


Link:
Site Oficial de Mônica Martelli

Imagens gentilmente cedidas pelo amigo Luiz Paulo.
Um grande admirador das mulheres altinhas.

17.3.11

E os homens, sabem dizer não?


Lendo uma coluna do Ivan Martins para a Revista Época, onde ele analisa os típicos comportamentos  masculinos diante de um "não" feminino, não pude deixar de concluir que o problema deles com estas três letrinhas é muito maior do que parece. Se os homens têm dificuldade em ouvir um não, mais ainda  têm em dizer. Pelo menos, um não verbal, literalmente falando. A maioria, fica no campo das sutilezas e muitas vezes até das indelicadezas. O próprio Ivan já se denuncia com a frase "Há várias formas de dizer não, mas uma única forma de ouvir ".
E pensando nestas sutilezas masculinas para "falar" um não, me lembrei de uma funcionária de um restaurante que eu tive há alguns anos. Ela era apaixonada por um vendedor de uma famosa marca de bebidas que nos atendia. Sempre o tratava de maneira muito solícita e cheia de sorrisos na esperança de uma contrapartida por parte dele. Já o rapaz, era impassível, mesmo com toda a simpatia e educação que lhe acompanhavam. Por várias vezes ela questionava o fato dele nunca almoçar por lá e até usava o forte apelo da concorrência para convencê-lo. - Os vendedores da outra marca estão sempre aqui, nos prestigiando e você nunca vem! - Falava isto naquele tom choroso, bem típico de mulher quando quer convencer um cara de alguma coisa. Ou então: - Minha amiga que trabalha no restaurante da rua lá debaixo disse que ontem você almoçou lá... seu traidor... - Pois bem, e não é que passados alguns dias ele apareceu para almoçar? Sim, só que acompanhado da noiva e ainda fez questão de apresentá-la a todos. E a pobre coitada ainda precisou servi-los. A propósito... ele continuou almoçando no concorrente.
Nãos à parte, continuo 100% a favor da atitude, já que a qualquer momento é possível ouvir um "sim" como no vídeo abaixo.


Recomendo:
A coluna do Ivan Martins que não foi unânime: "Quando as mulheres dizem não".
Lindo texto da Tati Bernardi narrado por uma mulher que está diante do cara que já lhe falou um não: Consideração

16.3.11

Organizando os Colares


Ouço sempre a mesma história: "Você é alta, fica bem com colares grandes". Somando os que eu compro aos que eu ganho, minha coleção só vai aumentando.
Há algum tempo resolvi comprar estes suportes com ganchos e resolvi todos os meus problemas com os inúmeros colares de uma só vez:
1) Não embolam.
2) Ficam todos à vista.
3) Fácil de escolher.
4) Fácil de guardar.
5) Não é caro fazer.
6) É possível compartilhar com os cintos.
Se você não tem um closet, não se preocupe. No apartamento anterior eu também não tinha, então fixei os suportes nas laterais internas do guarda roupa. Já minha filha preferiu na parte de dentro da porta.
Fazem quase dois meses que me mudei e só agora consegui chegar nesta parte da organização dos meus pertences: os acessórios. Quando se acostuma a tê-los guardados desta maneira como eu já tinha e de repente volta tudo para dentro de caixas é desanimador. Nestas semanas pós mudança, separei dois modelos e fiquei no revezamento, hora um, hora outro. Agora com tudo à mão novamente eu "tô rindo à toa"!

Link:
Gancho Adesivo em Inox

15.3.11

O Dia da Bênção dos Animais

Representação teatral do Colégio CSA no Parque das Mangabeiras em Belo Horizonte de Francisco ainda criança. 

Hoje é dia de São Francisco de Assis e como em todos os anos, os alunos do Colégio Santo Antônio levam seus bichinhos de estimação para a bênção dos animais no início da aula. Afinal este é reverenciado como o padroeiro e protetor dos animais na religião católica.
Minha filha Isabela está eufórica há uma semana. Este é seu primeiro ano no colégio e ao contrário da irmã mais velha Júlia, ela já tem a pequena Susy, uma cadelinha maltês, para exibir às amiguinhas.
Enquanto isto, Júlia resmunga pela casa que a Susy está “naqueles dias” e que por conseqüência não poderá ir. O motivo de sua indignação, claro, não era este. A permissão para levar os animais era restrita às crianças do ensino primário e ela já com doze anos nunca teve um cãozinho para levar à escola. Elas só conseguiram me convencer de tê-lo há menos de dois anos.
Começo logo a defender o direito da Isabela de levar a Susy sem carregar junto a frustração da irmã.
-Filha, deixa de ser chata. Só porque quando você era pequena não tinha um cachorrinho para levar, não significa que sua irmã tenha culpa disto. Você não levava seu peixinho?
- Mãe, você me fez "pagar o mico" de levar meu peixinho dentro de uma jarra plástica de suco. Todo mundo ficou rindo de mim.
- Mas ele não era o seu bichinho de estimação querido naquela época? Como você faz agora tão pouco caso dele? – Tentei ponderar.
- Mãe! Peixinhos não demonstram sentimentos. Nem mesmo fazem biquinho igual aos dos desenhos animados. E tem mais, nem pense que podemos levar a Susy no especial. Tem criança que chora de pânico só de ver um cachorro.
Pensei na hora, então como vai ser esta bicharada dentro da escola?
Dispensei a van escolar e decidi por levar eu mesma a turma toda. Susy muito feliz abanava o rabinho para o seu "primeiro dia de aula", toda vestida de cor de rosa e com o pelo tosado bem curtinho.
Já no pátio do colégio a cena que eu encontrei era de cinema. A cadeia alimentar dos animais de estimação estava ali 100% representada. Não paravam de chegar cachorros de todos os tamanhos, cores e raças. Gatos, ramisters, peixes, pássaros, coelhos, pintinhos, tartarugas e todo o bicho que se podia imaginar, ou não, que alguém teria em uma casa. E um desfile infindável de coleiras, roupinhas, lacinhos, gravatinhas, penteados, gaiolas, aquários e até caixinhas de sapatos para ramisters.
Destaque à parte foi para a quantidade de bichinhos de pelúcia que compareceram. Sim, afinal, quem disse que eles não mereciam as bênçãos de São Francisco. Pensei que talvez tivesse sido melhor a Júlia ter levado um destes no lugar do peixinho na jarra de suco. Nenhuma criança me parecia constrangida com eles.
Somado a isto havia algo em torno de umas seiscentas crianças eufóricas e falantes, exibindo seus entes queridos para os melhores amigos. Bem de perto monitorando tudo, estavam os pais, ou melhor, alguns pais, algumas avós e muitas mães controlando para que ninguém distraidamente, claro, comesse ninguém.
Como se não bastasse o som natural produzido por este batalhão ruidoso, ainda haviam as caixas de som reproduzindo músicas infantis de São Francisco. Era para rir, não havia alternativa. Todos nós admirávamos a alegria da meninada e balançávamos a cabeça, incrédulos, com a inimaginável harmonia da cena.
Júlia vai para sua sala inconformada de não poder ficar um pouquinho mais. Isabela corria por todo o pátio com a Susy debaixo do braço. E melhor, do mesmo modo como se carregava uma bisnaga de pão na época que estas eram comuns em todas as casas.
Começa, enfim, a cerimônia da bênção. O Frei, diretor do colégio, convida à todos a rezar o Pai Nosso.  Em suas palavras misturou o amor de São Francisco pelos animais com a preservação da natureza e o uso responsável da água na hora do banho. Afinal, sustentabilidade era a palavra do momento e não podia ficar de fora do sermão.
E com uma taça bem grande cheia de água (destas usadas para servir ponche) e um ramo de folhagem saiu benzendo a bicharada toda e de quebra abrandando o fogo da meninada.
E a Arca de Noé se desfez com todos sãos, salvos e abençoados. Somente um pouquinho molhados, bichinhos, bichos e bichões já podiam voltar tranquilamente para casa com seus respectivos acompanhantes. Dirijo com a Susy esparramada no banco da frente do carro. Não dá para saber se a prostração era devido à água benta ou ao agarra-agarra dos coleguinhas da escola.
Já à noite,resolvi perguntar se as duas sabiam o significado do ato de se abençoar os animais. Ouvi coisas do tipo:
- Uai mãe... a Suzy ficou abençoada...
- Sim, muito bem. Mas o que significa ser abençoada?
- Ela está benzida...  Recebeu a bênção...
Ri bastante e percebi que ninguém tinha se dado ao trabalho de explicar para as crianças o sentindo de tudo aquilo.
Vamos lá perguntar  o significado para o nosso amigo Aurélio?
Bênção: Ação de benzer ou de abençoar. Graça divina.
Benzer: Abençoar. Fazer o sinal da cruz sobre pessoas ou coisas recitando certas fórmulas litúrgicas.
Abençoar: Fazer feliz, tornar próspero, proteger.
E agora, está explicado?

13.3.11

Em meio as montanhas de Macacos

O dia estava bem feinho, mas resolvemos experimentar as delícias gastronômicas e naturais de Macacos assim mesmo. Afinal, estamos no primeiro dia de uma empreitada para descobrir lugares interessantes e agradáveis onde nós mulheres, pudéssemos ir com nossas amigas e nossos filhos nos sentindo à vontade e bem atendidas.
Queremos descobrir lugares onde possamos ir sozinhas e termos um atendimento de qualidade, mesmo sem ter um homem à mesa. Quem nunca achou que o serviço não estava lá tão bom quando foi só com as amigas em algum bar ou restaurante? Queremos lugares com ambientes preparados para receber nossos filhos, independente da idade.
São Sebastião das Águas Claras ou Macacos, para os íntimos, é um distrito da cidade de Nova Lima, região de muitas belezas naturais nos arredores de Belo Horizonte. A última vez em que lá estive havia sido exatamente no fatídico dia da morte de todos os integrantes da banda Mamonas Assassinas há quinze anos.
E fomos nós, eu e mais duas amigas descobrir o que Macacos teria a nos oferecer hoje em dia. Como chegamos já próximo das duas horas da tarde nosso foco era só um: almoçar, fome, fome, almoçar! Seguimos por toda a rua principal e ao voltarmos elegemos um restaurante chamado "Sítio Bar Restaurante" entre os diversos que analisamos. Passei a acreditar que a tal sorte de principiante realmente existia. Eu que fui criada em casa, no interior e na fase adulta me vi presa em apartamentos na capital mineira, já tenho a tendência natural de me encantar por todos os bares e restaurantes que tenham "lá fora". E se fosse em meio à natureza, perfeito. Ali, sem dúvida, era o lugar. 
Sem muita delonga, elegemos "Peixoto", o prato mais famoso da casa e bingo! Um mistura de sabores, texturas e aromas que caiu rápido e fácil no jargão: Um manjar dos deuses.
* Filé fresco de Gurijuba DEFUMADO e grelhado na brasa em folha de bananeira. (Peixe amazônico marinado/temperado com ervas, especiarias por 24 horas e posteriormente defumado artesanalmente por 5 a 6 horas sem conservantes.
Acompanhamentos:
* Arroz de ervas
* Molho de abacaxi com curry
* Creme de abacate ao vinho branco
Preço: R$ 59,00 (recomendado para duas pessoas).

A sobremesa foi a torta de limão da foto no início do post. Uma espécie de mousse-sorvete que propicia com seu azedinho aquela dor próximo das orelhas. Huuuummm , delícia!

Com o almoço aprovado e recomendado, vamos agora as demais considerações:
Atendimento: descontraido e nos momentos certos. Sabe quando você percebe que as pessoas trabalham felizes naquele lugar? Achei o máximo ver o churrasqueiro cantando e dançando ao preparar os pratos. Em nenhum momento nossos copos ficaram vazios e sempre tinha alguém com sorriso nos lábios para nos atender sem ser inconveniente ou engraçadinho só porque era uma mesa de mulheres.
Instalações: Mesas grandes, confortáveis com áreas cobertas e descobertas. Vista para as montanhas e em meio a muitas árvores. Amplo estacionamento.
Crianças: Dispõe de playground, mas sem monitores. Um pouco distante das mesas e próximo ao estacionamento o que complica um pouco no caso de crianças muito pequenas.
Banheiros: Amplos, limpos e em ótimas condições além de possuir espaço para troca de fraldas dos bebês todo em granito.
Fiquei literalmente encantada com todas as possibilidades de lazer que Macacos oferece. Na volta, já próximo das 19 horas, observamos que o point da galera é próximo a igreja, local de chegada dos treeiros que passam o dia com suas motos curtindo as trilhas nas montanhas de Nova Lima. Portanto meninas, se é para paquerar fiquem por alí. Para quem já tem um companheiro, aproveite e marque um final de semana nas inúmeras pousadas existentes e deliciem-se com suas cachoeiras no dias quentes. No inverno acontece um festival gastronômico que atrai muitos turistas interessados em curtir não só os deleites culinários, mas o friozinho típico e as vezes congelante que encontramos por lá neste época do ano.

Links:
Restaurante Sítio Bar
Portal Macacos
Macacos - Google Maps


11.3.11

Memórias de Lola

Na semana do Dia Internacional da Mulher, conto para vocês a história desta mulher chamada Lola.



Lola nasceu em 1925 na zona da mata mineira. Não bastasse a pobreza em que a família vivia, aos cinco anos já era órfã de pai. A mãe se vendo sozinha com 14 filhos, não teve outra opção senão repartí-los com os parentes. Aos sete anos, com a ajuda de uma irmã, Lola conseguiu voltar para sua casa, pois, não agüentava mais a tristeza da separação.
Mesmo com toda inteligência, pode estudar somente duas cartilhas. A mãe não tinha como comprar uma caneta e um caderno. E aos oito anos os estudos foram interrompidos. Lola precisava ajudar nos serviços de casa.
Era muito feliz ajudando e cantando no coral da igreja. Usava uma fita verde no pescoço como aspirante da Irmandade da Pia União dos Filhos de Maria. Chorou quando teve que devolvê-la. Foi no dia do seu casamento.
Lola se casou aos dezesseis anos. Seu marido com vinte e três já era viúvo e trazia junto sua filha de apenas três anos. O Padre Benevenuto disse: - É uma pena! Lola nem acabou de crescer! - A cerimônia foi simples e a moradia do casal mais simples ainda.
Lola ficou muito decepcionada com a vida de casada. Achava tudo sem graça, tudo esquisito. Casamento era assim? Mas fazer o que? Reclamar com a mãe? Nem pensar. O jeito era rezar e rezar. Lola cumpria seu papel de esposa e não se revoltava com nada que a vida lhe impunha.
Foto atual da 2ª casa onde Dona Lola criou seus filhos.
Em meio à lavoura, a costura para a vizinhança, de ano em ano Lola engravidava. Foram doze filhos, entre nove rapazes e três moças. E claro, muitos abortos. A maioria das crianças estudou pouco, é verdade. Mas longe da cidade, ficava difícil.
Os anos passaram e Lola foi com marido para a capital. Afinal muitos filhos já estavam lá. O essencial não mais era escasso, mas nem por isto a vida tão melhor. Conviveu com a infidelidade em muitos dos 63 anos que esteve casada. Aceitava calada e confortava-se em suas orações.  Muito controverso era o fato do seu marido ter uma personalidade extremamente racista... E Lola ser negra.
Hoje ela está com 86 anos e há quase sete é viúva. Com mais de 30 netos e vários bisnetos ainda sofre com alguns filhos que dão mais trabalho de adulto do que de criança: “Marvada pinga.”
Lola continua alegre e com uma voz de menina sem igual. Dona de uma personalidade tão forte e ao mesmo tempo tão leve até arranjou um pretendente a namorado, mas os filhos não aprovaram de jeito nenhum. E ela, então, "deixou para lá". Todos os dias, assim que o sol nasce anda bons quilômetros. Recolhe todas as garrafas pets que encontra pelo caminho. Vende e doa tudo para a Igreja.
Agora sem marido, pode curtir sua vaidade. Gosta de esmalte da moda, daqueles bem diferentes, verde e tudo mais.  Acreditam que há menos de um mês Lola fez escova progressiva? Usa sempre vestidos coloridos, colares e qualquer outro adereço que lhe encante. Nunca está sem a sua tornozeleira de ouro, acessório marcante nos pés de muitas de suas netas. Vai às festas e não perde uma roda de viola na família. Canta, dança e reclama que os homens “estão muito devagar”.
Toca órgão, faz versos em prosa e já escreveu até as suas memórias, onde fala de Amélia, sua professora que lhe ajudou a descobrir as palavras na “Cartilha da Infância”, “História da Terra Mineira” e no “Livro do Periquito”. Conta como achou linda a decoração com papel de seda trançado em seu humilde quarto no dia do seu casamento. E como se emocionou com a homenagem feita pelo coral com a música “Helena Helena” ritmada pelo som de algumas colheres por toda a noite de festa. Ah... e de como foi bom quando os filhos aprenderam a tocar violão. Era tanta alegria que ela nem viu o tempo passar... 

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Frases que encontrei em “Memórias de Lola”

“A mulher é a obra prima do Universo.”
 “A alegria é um sinal de uma personalidade generosa.”
“A paz depende de você. Está em suas mãos. Ao alcance de todos.”

2.3.11

Sugestões de Sermões - Mário Quintana

Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito ritual do casamento, a igreja com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos. Mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre:
-"Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?"
Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:
- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade ?
- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica ?
- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela ?
- Promete se deixar conhecer ?
- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor ?
- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda ?
- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros ?
- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina ?
- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja ?
Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os MADUROS.
Escolha o seu amor.
Ame a sua escolha.

1.3.11

Terapia, mais separa do que une um casal?


Sei que muitas pessoas resolvem os seus inúmeros conflitos durante a vida de diversas maneiras que não seja necessariamente através de um consultório de psicologia. Mas no meu caso a psicoterapia sistêmica teve um papel fundamental. Lembro-me bem que a frase "terapia mais separa do que une" não me saía da cabeça. E sei de muita gente que não busca ajuda por medo de se separar do companheiro.
Claro, o relacionamento não vai nada bem, a dificuldade em dialogar é explícita, mas a gente sabe que ainda existe amor. Após inúmeras recomendações decidimos procurar ajuda. Esperamos normalmente o que? Que um profissional do assunto nos ajude a salvar nosso casamento e não que tente nos convencer a acabar com ele. A hipótese de pagar alguém para empurrar a vaca de vez para o brejo não é nada do que buscamos. Para isto imaginamos precisar, no máximo, de um bom advogado.
Queremos que ele conserte os nossos companheiros que vieram com inúmeros defeitos de fábrica que primeiro, não observamos muito bem que existiam. Segundo, achávamos ser capaz de repará-los sozinhas. E terceiro, eles, nossos companheiros, precisam muito, muito de ajuda... A gente nem tanto.
Meninas, acordem! A coisa não é bem por aí. Não é fácil enfrentar problemas que muitas vezes estão trancados em velhos baús nos sótãos da nossa alma. Não existe fórmula mágica, mas pode existir a vontade incondicional de fazer de tudo para ser feliz.
Vejo o psicoterapeuta como alguém que vai ajudar o casal a resgatar o que os uniu e por que os uniu. E através de seus inúmeros métodos compreender o porque da crise instaurada. A partir daí acompanhá-los na formulação de um novo contrato de convívio para substituir o que se desgastou em função das inúmeras mudanças que acontecem no decorrer de nossas vidas. Se nas cláusulas deste contrato estará escrito vivendo "juntos" ou "separados" somente os dois é que poderão decidir. Mas, com certeza, construindo uma nova história, através agora, de uma visão muito mais ampliada.
Eu mesma comecei a terapia namorando aquele que já era na época meu ex-marido para logo em seguida retomar o casamento. Hoje passados cinco anos decidimos nos separar novamente, só que com ajuda da terapia foi possível viver este momento de outra maneira. Mesmo sendo um momento doloroso, as atitudes  foram mais maduras. Só que isto já está virando assunto para outros posts. Pois, quando o tema é relacionamento os tópicos são inesgotáveis.  Nos vemos em breve neste mesmo divã!