12.5.11

O Luau da Beth

Estava eu em São Paulo num almoço de Páscoa na casa dos meus tios. Chega minha minha prima Beth e nos conta este caso. Exatamente assim:



Sabe quando as pessoas começam com aquela história: “Beth, você tem que arranjar um namorado!”, ”Você está muito nova. É tão bonita!”, ”Precisa sair, dar oportunidade para alguém!”,”Já observou o Anísio, viúvo daquela sua conhecida? Acho que ele está interessado em você. Aliás, todo mundo já percebeu que está!”.
Comentei com minha filha sobre como não achava nada animador o estilo de roupas que ele usava. E ela foi mais uma a me falar. “Mãe, você é exigente demais!”. Aquela ladainha toda que falam com as mulheres separadas. Pensei que talvez eu estivesse mesmo me prendendo a pequenos detalhes e perdendo a oportunidade de começar um novo relacionamento com um cara agradável por trás de uma fachada, muitas vezes, pouco interessante.
Pois bem, fui convidada por uma colega de trabalho para ir a uma festa, estilo Luau Urbano Chic. Resolvi chamar o Anísio para ir comigo. Como não gosto de ficar na mão de ninguém, fui logo dizendo que preferia ir com o meu carro.
Vesti uma bata branca maravilhosa, acessórios, maquiagem, etc. Fiz questão de usar um perfume que só uso em ocasiões muito especiais. Quando o porteiro me avisou que ele havia chegado, desci. Olhei bem para a camisa branca dele e achei um pouco justa demais. Relevei. Lembrei dos conselhos de todos de uma vez só.
Na entrada da festa avistei um local muito lindo, mais ao fundo. Todo decorado com velas, um charme! Ele disse que preferia sentar em uma mesa na entrada. Huum... Não gostei. Mal sentamos e ele já foi pegando a bebida na bandeja do garçom que servia a mesa ao lado. Quando outro garçom foi nos servir de salgados, agarrou logo uns três na palma da mão como quem não comia há vários dias.  Não! Nessa hora me arrependi completamente de ter ido com ele. Deixei claro que não podia ficar muito tempo! Animadíssimo, nem quis saber. Tirou a camisa branca e foi para a pista dançar. Por baixo dela tinha uma regatinha, coladinha no corpo! Juro!!! Cada vez que passava alguém distribuindo aqueles acessórios típicos de festa, como óculos colorido, pulseiras luminosas, tiaras, ele ia pegando tudo, e usando exatamente tudo!
Com muito custo consegui arrancá-lo da festa. Ele saiu sim, mas com uma cerveja na mão, como quem não pode perder nada. Dentro do meu carro fez o tipo folgado completo. Mexeu no som, trocou de música, se esparramou no banco. Sem a mínima cerimônia! Achei até que estava sonhando quando finalmente parei na porta do meu prédio às duas e meia da manhã. Foi neste momento, ao tentar me despedir, que ouvi:
- Você me acompanha numa cervejinha?
- Obrigada Anísio. É que tenho que levantar cedo. Fica para outro dia. – Respondi nem imaginando o que estava por vir.
- É que meu ônibus só passa às cinco horas...
- Ãnh? Pega um táxi! – Falei rapidamente. E ele me olhou meio sem graça. Depois virou o rosto e soltou a melhor da noite:
- É que estou sem grana... Sabe como é...
Que tristeza ver minha nota de cinqüenta reais sumindo daquele jeito... Sim, ainda tive que pagar para o sujeito ir embora! Acredita?!

5 comentários:

  1. Sei bem como é isto, vc sai, paga a conta, ouve a ladainha e ainda tem que pagar a conta para o sujeito ir embora!! Mas pelo menos foi o preço para se ver livre de um peso que poderia se transformar em sua vida!! Bjss... Vivendo e aprendendo...

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  2. Isso é que foi roubada ! Agora você já sabe: o melhor conselheiro é o coração.

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  3. Gosto muito do que escreve, a linguagem é fácil e prazerosa! Continue nos trazendo fatos e histórias do dia a dia , cultura, entreterimento, com esse jeito muito particular de Claudia Ligório que com certeza faz toda a diferença no momento de escolher algo para se ler.
    Beijo claudinha e sucesso sempre!!

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  4. É muito bom saber que os "causos" aqui publicados trazem momentos de alegria a vocês.
    Beijos e obrigada!

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