8.9.11

Pido Silencio (Pablo Neruda)


Ahora me dejen tranquilo.
Ahora se acostumbren sin mí.


Yo voy a cerrar los ojos


Yo sólo quiero cinco cosas,
cinco raíces preferidas.


Una es el amor sin fin.


Lo segundo es ver el otoño.
No puedo ser sin que las hojas
vuelen y vuelvan a la tierra.


Lo tercero es el grave invierno,
la lluvia que amé, la caricia
del fuego en el frío silvestre.


En cuarto lugar el verano
redondo como una sandía.


La quinta cosa son tus ojos,
Matilde mía, bienamada,
no quiero dormir sin tus ojos,
no quiero ser sin que me mires:
yo cambio la primavera
por que tú me sigas mirando.
Amigos, eso es cuanto quiero.
Es casi nada y casi todo.


Ahora si quieren se vayan.


He vivido tanto que un día
tendrán que olvidarme por fuerza,
borrándome de la pizarra:
mi corazón fue interminable.


Pero porque pido silencio
no crean que voy a morirme:
me pasa todo lo contrario:
sucede que voy a vivirme.


Sucede que soy y que sigo.


No será, pues, sino que adentro
de mí crecerán cereales,
primero los granos que rompen
la tierra para ver la luz,
pero la madre tierra es oscura:
y dentro de mí soy oscuro:
soy como un pozo en cuyas aguas
la noche deja sus estrellas
y sigue sola por el campo.


Se trata de que tanto he vivido
que quiero vivir otro tanto.


Nunca me sentí tan sonoro,
nunca he tenido tantos besos.


Ahora, como siempre, es temprano.
Vuela la luz com sus abejas.


Déjenme solo con el día
Pido permiso para nacer.



4.9.11

O alcoólatra legal


Existem algumas atitudes típicas de muitos dependentes de álcool que se encaixam perfeitamente bem no imaginário popular:
Bebem todos os dias, quase todos os dias ou mal podem esperar o final de semana chegar para poderem beber.
Não sabem a hora de parar de beber.
Cambaleiam e ziguezagueiam pelas ruas.
Arranjam brigas (famosos por dizerem que matam e que esfolam).
Batem o carro.
Batem na esposa e nos filhos.
Dormem na mesa, no primeiro sofá ou cama que encontram.
Ficam emotivos e choram.
Ficam chatos, demoram horas contando o mesmo caso, abraçam o seu interlocutor, cospem enquanto falam.
Ficam vermelhos (não sei o porquê, mas estes me incomodam bastante).
Vivem faltando ao trabalho por não terem condições de se levantar no outro dia.
Mas existe um tipo diferente de alcoólatra que é capaz de passar toda a vida sem ser classificado pela família e pelos amigos como dependente:
Bebem todos os dias ou quase todos os dias. A principal desculpa: “é para relaxar”. Em geral sabem de cor todos os benefícios de se beber diariamente “um copinho de cerveja” , “uma dose de whisky” ou “uma dosezinha de pinga".
São gente boa, divertidos, contadores de piadas e muito bem humorados.
Estão sempre na lista de convidados de todas as festas de amigos e familiares.
Aonde vão todo mundo já os esperam com a sua bebida preferida.
E o que os diferem de todos os demais?
Não cambaleiam e não ziguezagueiam pelas ruas.
Não arranjam brigas.
Não batem o carro e acham um absurdo esta tal de “lei seca”.
Não batem na esposa e nos filhos.
Não dormem na mesa, no primeiro sofá ou cama que encontram.
Não desatam a chorar após beber.
Não ficam chatos, não demoram horas contando o mesmo caso, não abraçam o seu interlocutor, não cospem enquanto falam.
Não ficam vermelhos.
Não faltam ao trabalho.
E, algumas vezes, até sabem a hora de parar (pelo menos naquele dia).
Então, como assim? Alcoólatras? O que os une aos demais alcoólatras?
PRECISAM BEBER TODOS OS DIAS OU QUASE TODOS OS DIAS.
E por serem assim tão carismáticos, todos fingem não ver sua dependência e até colaboram com uma cervejinha a mais. Afinal, ele é tão legal!
Não se iluda, esta pessoa é um alcoólatra. Alcoolismo está relacionado a dependência, a não conseguir viver sem. É uma doença, e se os que estão a sua volta aceitam o fato, já pode ser o início de uma grande mudança.

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Veja também a entrevista que o ex-jogador Sócrates deu para o Fantástico falando sobre sua dependência do álcool: